domingo, 12 de julho de 2020

Curiosidades

 

• Como tantas outras bandas de Pós-Punk percussoras dos anos 80, o Joy Division se formou na cidade de Manchester, mas Ian Curtis cresceu cerca de uma hora fora daquela cidade em formação; em uma casa da classe trabalhadora na cidade industrial de Macclesfield, Cheshire. Ele nasceu em 15 de julho de 1956, seus pais eram Kevin e Doreen Curtis, e ele foi o primeiro filho do casal.
• Ian tinha muito carinho por sua única irmã, Carole Curtis. E ela para com ele.
• As letras assombrosamente introspectivas e inteligentes de Ian se tornaram uma das principais marcas do Joy Division, e esse talento para a poesia foi algo que ele desenvolveu muito cedo. Com apenas 11 de idade, ele recebeu uma bolsa de estudos na King's School de Macclesfield, onde desenvolveu seus interesses literários e recebeu vários prêmios acadêmicos por seus talentos.
• Ian não podia comprar discos na adolescência e costumava furtar regularmente; principalmente em lojas de discos no centro da cidade de Macclesfield. Ele escondia debaixo de seu longo casaco cinza, muitas vezes também furtava garrafas de bebida das empresas de bebidas alcoólicas locais.
• Entre músicos e bandas favoritas de Ian estão Jim Morrison, Lou Reed, Iggy Pop, David Bowie, Velvet Underground, Sex Pistols e Kraftwerk. Já na literatura, seus escritores favoritos eram William Burroughs, J. G. Ballard, Joseph Conrad  e T.S. Eliot.


• Ian começou a namorar Deborah Woodruff - Debbie -  quando ambos tinham 16 anos e se casaram menos de três anos depois. Eles foram morar com os avós de Ian no início, depois se estabeleceram em sua própria casa na Barton Street em Macclesfield.
• Ian estudou brevemente História e Teologia no St. John's College, mas logo desistiu para poder procurar um emprego remunerado. Ele conseguiu um emprego em uma loja de discos em Manchester e depois passou pelo serviço público em algumas posições diferentes antes de trabalhar como oficial assistente de reassentamento de deficientes, uma espécie de agência de empregos para pessoas com alguma deficiência ou problema de saúde crônico.
• Devido a seu trabalho, Ian fez um curso sobre Epilepsia, antes mesmo de receber um diagnóstico confirmando que ele mesmo possuía tal doença. Foi durante seu tempo trabalhando nessa agência que ele conheceu uma jovem que possuía a doença, tendo tido uma convulsão na frente de Ian, que ficou bastante assustado com a cena. Como ela estava acompanhada de sua mãe, a mesma fez os procedimentos necessários para que sua filha não se machucasse enquanto se debatia no chão. Ela ia até a agência com certa frequência, para saber se havia alguma vaga de emprego. Porém, passou-se um tempo em que ela não mais aparecia, e Ian acreditou que ela já deveria estar empregada. Ainda assim, resolveu ligar para ela para saber. E ficou sabendo que, durante um dos ataques epiléticos, ela acabou falecendo. Esse episódio inspirou Ian a escrever She’sLost Control.
• Ian se juntou ao que viria ser Joy Division depois de responder a um anúncio que a banda colocou na loja Virgin Records de Manchester procurando por um cantor (o vocalista original, Martin Gresty, havia deixado a banda para trabalhar em uma fábrica). Ian foi contratado sem uma audição, com base no fato de que ele estava "bem para o sucesso", de acordo com o guitarrista Bernard Sumner.
• Após escolherem o nome Warsaw para a banda, juntaram dinheiro e gravaram uma demo e um álbum em 1977. A sonoridade era Punk Rock, mas já com peculiaridades. O álbum deveria ser lançado em 1978, no entanto, a banda ficou descontente com o resultado e ele foi cancelado.
An Ideal for Living foi o primeiro EP com o nome Joy Division. Todas as faixas foram gravadas no Pennine Sound Studios em Oldham em 14 de dezembro de 1977. As sessões de gravação foram autofinanciadas pela banda, com um orçamento de 400 libras. As 4 faixas do EP são as que estariam presentes no álbum que gravaram enquanto Warsaw.
• A banda fez seu primeiro show em 29 de maio de 1977 no Electric Circus, em um show que também incluía os Buzzcocks e o poeta John Cooper Clarke.
• Ian escreveu uma carta abusiva para Tony Wilson, fundador da Factory Records,, repreendendo-o por não colocar a banda em seu programa de TV musical So It Goes . Um homem de gostos e impulsos não convencionais, para dizer o mínimo, Wilson prontamente os colocou no programa como resultado, em julho de 1978, e, posteriormente, deu um contrato com a Factory. Ele ainda acabou usando suas economias de vida para financiar o álbum de estreia da banda.
• Ian começou a ter ataques epiléticos no final de 1978. Ele foi oficialmente diagnosticado com a condição em 23 de janeiro de 1979. Seu caso foi descrito pelos médicos como sendo muito grave, e que acabaria por impossibilita-lo em pouco tempo sem as várias dosagens fortes de medicamentos que lhe foram prescritos. Tendo se juntado à Associação Britânica de Epilepsia, Ian estava inicialmente aberto a discutir sua condição com qualquer pessoa que perguntasse, embora logo se tornasse retraído e relutante em discutir qualquer questão relacionada à sua condição além dos aspectos mais rotineiros e comuns.
• A cada nova crise, ficava evidente que um determinado medicamento prescrito falhava em controlar as convulsões de Ian. Seu médico então prescreveu um anticonvulsivante diferente dos anteriores e Debbie notou que Ian estava "cheio de entusiasmo renovado" de que essa formulação específica o ajudaria a controlar suas convulsões.
• Ao longo de 1979 e 1980, a condição de Ian piorou gradualmente em meio à pressão de apresentações e pequenas turnês, com suas convulsões se tornando mais frequentes e mais intensas em cima e fora dos palcos. Os medicamentos que Ian usava produziram vários efeitos colaterais, incluindo mudanças extremas de humor. Após o nascimento de sua filha em abril de 1979, devido à gravidade de sua condição médica, Ian raramente conseguia segurar Natalie no colo, com medo de comprometer a segurança da criança.


• Ian foi o único letrista da banda. Ele disse a um jornalista em uma entrevista em 1978, que ele tinha um caderno cheio de letras “de reserva” do qual ele iria arrancar letras para usar “quando a melodia certa aparecesse”.
• Antes de colocar seus vocais no estúdio, Ian ouvia a faixa de música uma vez e depois gravava com as luzes apagadas. Ele mantinha as letras em uma folha com ele na cabine, mas sempre as cantava de memória.
• A fim de alcançar o efeito de distanciamento desejado, o produtor Martin Hannett gravou os vocais de Ian para a faixa “Insight”, do álbum Unknown Pleasures, por uma linha telefônica. Alguns dos outros floreios pouco ortodoxos de Hannett incluíam gravar o som de batatas fritas sendo comidas, uma guitarra sendo tocada ao contrário e uma garrafa sendo quebrada. Na faixa New Dawn Fades, a introdução é uma amostra da faixa Insight sendo tocada ao contrário.
• Enquanto a banda gravava o álbum Unknown Pleasures, o produtor Hannett ligava o ar condicionado até quase congelar no estúdio. Ian podia ver sua própria respiração enquanto cantava.
• Ian sempre teve pouco dinheiro, mesmo depois do modesto sucesso do primeiro álbum da banda, Unknown Pleasures . O cachê dos shows não era alto, e o sucesso que obtinha pelo álbum de estreia não gerava lucro instantâneo. Então o pouco dinheiro que ele recebia era para cuidar das despesas do lar. Era comum depois que ele terminava de gravar, ficar no prédio do estúdio para limpa-lo e para ganhar algum dinheiro extra.
• A imagem predominante de Ian pode ser a de um artista sombrio e torturado, sempre à beira do desespero e, até certo ponto, é verdade. Mas, como afirmou o baixista Peter Hook, ele também era um jovem, e muitas vezes tinha um lado muito mais jovial nele do que as pessoas poderiam esperar. Em última análise, foi um lado que foi eclipsado pela escuridão, mas é bom saber que brilhou ocasionalmente. Todos os outros membros da banda relembram de piadas internas e brincadeiras que faziam, e, inclusive, Ian costumava rir, apesar de em fotos e vídeos ele raramente aparecer sorrindo.
• Ian sempre quis que suas letras fossem um tanto opacas e ambíguas. Em resposta a um jornalista perguntando sobre a mensagem da banda, ele disse uma vez: “Nós não temos uma mensagem clara; as letras estão abertas à interpretação. Elas são multidimensionais. Você pode ler nelas o que quiser.”


• Ian e Deborah tinham uma cachorra da raça Border Collie chamado Candy. Ela recebeu o nome em homenagem a música "Candy Says" do Velvet Underground. Embora Ian estivesse sempre na estrada, ele sempre dedicava um tempo para brincar com Candy quando estava em casa.
• Ian tinha outros problemas de saúde para enfrentar além da Epilepsia. Ele sofria de estranhas reações alérgicas ao sol. Se o clima estivesse bastante quente com raios intensos do sol, ou mesmo mais fracos ele ficasse exposto por muito tempo, suas mãos ficariam vermelhas e inchariam.
• Apesar de ser algo que Ian queria muito, estar no palco foi passando a ser assustador, pois ele sempre temia ter ataques epiléticos. Isso foi o levando a desenvolver sintomas de Agorafobia, como ter medo de estar diante do público. Sua dança, inclusive, era um mecanismo para não ficar olhando diretamente para o público.
• A dança de assinatura de Ian no palco era comumente chamada de dança “Dead Fly” na imprensa. Os movimentos se pareciam com os que ele teria durante um ataque epiléptico. Por vezes, tanto o público quanto os outros membros no palco, não sabiam se ele estava dançando ou tendo um ataque. Depois dos primeiros ataques, se tornou frequente ocorrerem enquanto estava cantando, devido às luzes, que é um gatilho para os ataques, e também devido ao álcool que ele consumia, até mesmo acreditando que seria um escape.
• Ian tornou-se vegetariano no decorrer dos anos.
• O vício em cigarro começou ainda na adolescência, e Ian consumia demasiadamente mais e mais. Já o álcool, ainda que bebesse, era bem menos que os demais membros da banda. Como hábito dos britânicos, quando Ian estava em sua casa, adorava tomar chá.
• Ian tocou guitarra em várias faixas da banda (geralmente quando Bernard estava tocando sintetizador) como "Incubation", "Transmission e "Love Will Tear Us Apart". Inicialmente, ele tocava uma Shergold Masquerader de Bernad, mas em setembro de 1979 ele adquiriu sua própria guitarra, uma Vox Phantom VI Special que tinha muitos efeitos embutidos usados ​​tanto ao vivo quanto em estúdio. Ian usou a guitarra na turnê europeia do Joy Division no início de 1980 e no vídeo de "Love Will Tear Us Apart". É visível como ele a usava de um modo peculiar, um pouco mais alta do que normalmente guitarristas usam ao corpo.
• Na época da gravação do segundo álbum da banda, Closer, a condição de Ian era particularmente grave, com ele sofrendo uma média semanal de duas convulsões tônico-clônicas. Em uma ocasião durante essas gravações, os colegas de banda ficaram preocupados quando notaram que ele estava ausente do estúdio de gravação por duas horas. Peter encontrou Ian inconsciente no chão do banheiro do estúdio, tendo batido a cabeça em uma pia após uma convulsão. Apesar de casos como esse, Peter afirmou que, em grande parte por ignorância da condição, ele, Bernard e Steve não sabiam como ajudar. No entanto, Peter estava convencido de que Ian nunca queria incomodar ou preocupar seus companheiros de banda, e iria "nos dizer o que [nós] queríamos ouvir" se eles expressassem qualquer preocupação com sua condição.
• Em um incidente, em um show realizado para quase 3.000 pessoas no Rainbow em Finsbury Park em abril de 1980, os técnicos de iluminação no local - contrariando as instruções dadas a eles por Rob Gretton antes do show - acenderam as luzes estroboscópicas no meio da apresentação do Joy Division, fazendo com que Ian quase imediatamente cambaleasse para trás e caísse contra a bateria de Steve no meio de uma convulsão evidente. Ele teve que ser carregado para fora do palco e levado para o camarim da banda para se recuperar.
• Quando Ian se recuperou da convulsão neste incidente, ele foi inflexível que a banda viajasse para West Hampstead para honrar seu compromisso de realizar seu segundo show da noite neste local, embora cerca de 25 minutos após o segundo show, a "dança" de Ian começou a perder seu sentido rítmico e se transformar em algo completamente diferente antes de ele cair no chão e experimentar a convulsão mais violenta que já havia sofrido até então.


• Em abril de 1980, as pressões da vida privada e profissional de Ian estavam se tornando insuperáveis. Sua esposa havia iniciado o processo de divórcio, o Joy Division estava no meio de uma intensa agenda de turnês e prestes a embarcar em sua primeira turnê pelos EUA em suporte ao segundo álbum, Closer,  e sua saúde não mostrava sinais de melhora. Ele tentou suicídio pela primeira vez por overdose de barbitúricos. Depois de tomar os comprimidos, ele telefonou para sua esposa para contar o que havia feito, porque temia não ter tomado o suficiente e sofrer danos cerebrais. Ela então chamou uma ambulância. Após ele receber alta do hospital, Bernard passou com ele perto de um cemitério e disse que era onde ele poderia estar se não tivesse agido a tempo. Ian apenas permaneceu em silêncio.
• A última apresentação ao vivo de Ian aconteceu no dia 2 de maio de 1980, na Universidade de Birmingham. O repertório contava com apenas 11 músicas, preenchido por faixas que viriam a ser lançadas no próximo disco, Closer, e seguindo uma coincidência, também não tocaram um de seus maiores sucessos, “Love Will Tear Us Apart”. Essa apresentação incluiu a primeira e última performance da música "Ceremony" pela banda. Na folha com a lista de músicas desse show, ela foi nomeada como ‘New One’. Ao longo do show, Ian demonstrou uma fadiga atípica, já indicando seu extremo cansaço, físico e mental. Durante a performance de "Decades", perto do fim da apresentação, ele teve um colapso, tropeçou no fio do microfone e precisou ser atendido fora do palco, para voltar em seguida e tocar o “bis”, que foi a música "Digital".
• Nas primeiras horas do dia 18 de maio de 1980, a tensão de sua Epilepsia, a Depressão o sufocando, o casamento desestabilizado e o estado mental deteriorado acabaram se tornando demais para Ian poder suportar. Na véspera da primeira turnê americana do Joy Division, ele cometeu suicídio se enforcando em sua cozinha com a corda do varal. Ele tinha apenas 23 anos.
• Horas antes de Ian cometer suicídio, ele havia assistido ao filme Strozeck, de Werner Herzog, um dos seus favoritos, que conta a história trágica de um artista de rua alemão que foi para os EUA. Ian também havia escutado o álbum The Idiot, de de Iggy Pop, um dos seus artistas favoritos.
• Em 23 de maio de 1980, o corpo de Ian foi cremado no Macclesfield Crematorium e suas cinzas foram enterradas no cemitério da cidade. Sua pedra memorial, com a inscrição “Ian Curtis 18 – 5 – 80” e “Love Will Tear Us Apart”, foi colocada acima de suas cinzas. Esta pedra foi roubada do cemitério em julho de 2008 e posteriormente substituída por uma nova com a mesma inscrição.
• “Love Will Tear Us Apart” foi a única música para a qual a banda gravou um vídeo, e um mês após a morte de Curtis se tornaria o primeiro e único sucesso da banda. A letra de Ian para a música abordava nitidamente a desintegração de seu casamento.
• Após o suicídio de Ian, os membros restantes da banda formaram o New Order, onde encontraram sucesso e continuaram a moldar a paisagem Pós-Punk ao longo dos anos 80. A faixa instrumental Elegia é uma homenagem a Ian, bem como a faixa The Him e I.C.B.
• Pessoas próximas a Ian falaram, após sua morte, sobre como todos os sinais estavam lá no passado. Sua esposa Deborah afirmou que ele havia dito a ela várias vezes que não tinha intenção de viver além dos vinte e poucos anos. Lindsay Reade, esposa do fundador da Factory Records, Tony Wilson, afirmou que Ian havia dito a ela sua crença de que o lançamento iminente de Closer, o segundo álbum da banda, representaria um pico artístico do qual ele não sabia como continuar. Ele também expressou sua crença de que sua Epilepsia o impediria de se apresentar ao vivo. E em uma admissão assombrosa pouco antes de sua morte, ele até disse ao colega de banda Bernard: “Sinto que há um grande redemoinho e estou sendo sugado para dentro dele e não há nada que eu possa fazer”.
• Especulou-se que Ian pode ter sofrido de Epilepsia por vários anos antes de seu diagnóstico real em 1978. Ele disse à esposa que costumava experimentar sensações de flutuações tontas já em 1972, e ocasionalmente se sentia desconfortável por luzes artificiais de locais onde ia para ver bandas tocando ao vivo, em meados dos anos 70.
• Na noite de seu suicídio, Ian disse a seus companheiros de banda que os encontrariam no aeroporto de Manchester na manhã seguinte para o voo para a América, e pediu a Deborah que ficasse na casa dos pais dela durante aquela noite. Ele deixou um bilhete para ela contando sobre sua vida juntos e proclamando seu amor por ela. No final da nota, ele escreveu que era madrugada e que podia “ouvir os pássaros cantando”.


• Ian foi retratado nas telas duas vezes, em dois filmes diferentes, variando significativamente no tom. O primeiro foi 24 Hour Party People de 2002 (no qual ele foi interpretado por Sean Harris), que explora Tony Wilson, a Factory Records e a cena musical de Manchester em geral. O outro foi Control, muito mais íntimo, de 2007, no qual ele foi interpretado por Sam Riley. Neste, a vida de Ian é examinada em preto e branco e de forma mais crua e íntima.
• No que diz respeito aos retratos do Joy Division em Control, o baixista Peter Hook afirmou que “Ele é muito mais preciso do que 24 Hour Party People.” Não é apenas baseado no livro de memórias de Deborah Curtis de 1995, Touching from a Distance, mas conta com detalhes de outras pessoas próximas da banda e de Ian. Natalie, a filha de Ian, aparece como figurante na multidão durante uma das cenas de um show.
• Uma mesa de cozinha que pertencia a Ian no momento de seu suicídio foi colocada em um leilão no eBay em 2013. A venda, realizada por um fã do Joy Division, foi condenada por Deborah e Natalie Curtis e pelos membros do Joy Division. Assim, a venda não aconteceu. Mas, infelizmente, o mesmo vendedor colocou a mesa em um outro leilão no ano de 2015, sendo vendida por 621 libras.
• Em novembro de 2014, um poema escrito por Ian, quando ele estava na escola primária, foi vendido em um leilão em Londres por 1.100 libras. Ian intitulou o poema como “An Epitaph for an Engineer” (Um Epitáfio para um Engenheiro), que, honestamente, não ficaria tão fora de lugar em um disco do Joy Division.
• A 77 Barton Street, a casa em que Curtis se enforcou, foi colocada à venda em 2014. Um fã do Joy Division então começou uma campanha de crowdfunding no Indiegogo na tentativa de arrecadar fundos e comprar o imóvel, com a intenção de transformá-lo em um museu para o falecido cantor e para o Joy Division em geral. Fora do objetivo final, que era de 150.000 libras, a campanha, infelizmente, levantou apenas 2.000. Este dinheiro foi mais tarde doado para a Epilepsy Society e para a instituição de caridade de saúde mental MIND.
• Nem tudo estava perdido, no entanto. Ao saber do fracasso da campanha de crowdfunding em atingir seu objetivo, o empresário e músico Hadar Goldman comprou a propriedade por 125.000 libras - mais uma taxa de compensação de 75.000, já que a casa já havia sido vendida - com o objetivo de honrar a intenção original de transformá-la em um museu do Joy Division, bem como um centro digital de apoio a músicos e outros artistas ao redor do mundo.
• Há um vinho australiano especificamente dedicado à memória de Ian e Joy Division. Chama-se “Known Pleasures” (Prazeres Conhecidos).
• Na Wallace Street em Wellington, Nova Zelândia, há uma homenagem imortal a Ian em uma de suas paredes. As palavras “Ian Curtis Lives” apareceram lá logo após sua morte em 1980, e toda vez que é pintada apagando as palavras, alguém torna a escreve-las novamente.



sábado, 11 de julho de 2020

Punk Rock & Pós-Punk


A partir dos anos 90, o termo ‘Pós’ (Post - do original em inglês) passou a ser popular para designar vertentes de gêneros ou subgêneros musicais. No entanto, o termo nasceu lá atrás, na década de 70. Hoje é comum ver subgêneros como o Post-Hardcore, Post-Grunge e Post Black Metal, que seguem com variações de suas raízes musicais. No caso mais especificamente do Pós-Punk, sua base vem do Punk Rock.

O Punk Rock surgiu em meados da década de 1970. Suas raízes remontam o rock de garagem dos anos 60, no entanto, as bandas de Punk Rock rejeitaram os excessos percebidos do rock mainstream dos anos 70. Elas normalmente produziam músicas curtas e rápidas com melodias e estilos de canto secos e agressivos, com uma instrumentação despojada e muitas vezes gritavam letras políticas que se opunham aos princípios sociais, políticos e econômicos convencionais de uma sociedade. O Punk abraça uma ética DIY (Do It Yourself - Faça Você Mesmo, em português) muitas bandas autoproduziam suas gravações e as distribuíam através de gravadoras independentes. Muitas bandas que se estabeleceram no Pós-Punk, começaram no Punk Rock. The Cure, The Fall e Joy Division, por exemplo, tocavam Punk Rock antes de começarem a seguir em direção ao Pós-Punk. Essa direção foi algo natural, visto que essas bandas já tocavam um som com menos agressividade e mais melancolia. Em especial, nas temáticas abordadas nas letras que, ao contrário do grito de "foda-se" - característico do Punk - gritavam "estou fodido".


The Warsaw Demo, da banda Warsaw, posteriormente batizada de Joy Division, gravada no 18 de julho de 1977. Nesta demo o baterista era Steve Brotherdale, que saiu da banda no mês seguinte, dando lugar a Stephen Morris.

Joy Division começou com o nome Warsaw. Enquanto Warsaw, tocaram em alguns clubes e chegaram a gravar uma demo em 1977 e um álbum em 1978. Posteriormente, algumas das músicas do álbum receberam um novo arranjo e foram regravadas já como Joy Division.

 


Para se compreender porquê da mudança do Punk Rock para o Pós-Punk, precisamos voltar um pouco no tempo e falar sobre a Revolução Industrial.

O termo Música Industrial se refere ao movimento musical que surgiu após o crescimento das cidades, devido às indústrias. Obviamente, desde a Revolução Industrial esse crescimento se fez constante, mas foi no final da década de 70 e início da de 80 que se tornou ainda mais forte devido a questão tecnológica que se somava. E, com isso, a música, como a arte num todo, começou a inovar, criar novos sons. A música para essa nova geração foi chamada de Industrial. O Rock Industrial se tornou um gênero caracterizado pela mistura com específicos subgêneros do rock. Assim, o Pós-punk, que surgiu na Inglaterra após o auge do Punk Rock em 1977 - mantendo as raízes do movimento Punk, porém, de modo mais introspectivo, poético, minimalista e experimental - encontrava seu lugar. A rebeldia e revolta do Punk dava lugar à insatisfação interna. Evidentemente, em qualquer lugar do planeta haviam jovens, ou adultos, sentindo-se tomados pela apatia, melancolia e sendo esmagados pelo concreto frio que os cercavam, mas, a Inglaterra tinha um cenário bem mais explícito na época. E, por consequência, isso gerava um grande peso nas gerações presentes. Ian Curtis expressou isso muito bem em suas letras. A revolta com o mundo - característica do Punk - se tornou a revolta interna, o auto-ódio, a exaustão pela existência, a dor de viver - ou meramente sobreviver - através do Pós-Punk. O Pós-Punk, inclusive, também foi a base do que veio a ser chamado de Rock Alternativo na década seguinte, continuando com seu legado de ser a voz de uma geração tomada por uma urbanização que levou a alegria embora e trouxe um concreto apático. Esse novo gênero musical que surgia ampliou a estética sonora do Punk Rock para um estilo mais triste, minimalista e mais livre, explorando uma originalidade sonora, incorporando riffs graves de baixo, guitarras com sonoridades mais simples e sem muitas variações, mas expressivas o suficiente, uso de sintetizadores e levadas de baterias repetitivas e marcantes. A melancolia urbana passou a fazer parte das temáticas de bandas desse gênero.

 

"Aqui estão os jovens com um peso sobre seus ombros
Aqui estão os jovens, bem, onde estiveram?
Batemos nas portas das salas mais sombrias do inferno
Pressionados ao limite, nos arrastamos para dentro
Assistindo dos bastidores enquanto as cenas se repetiam
Nos vimos agora como nunca tínhamos visto
Um retrato de traumas e degeneração
As mágoas que sofremos e nunca nos libertamos
Exaustos internamente, agora os corações estão perdidos para sempre
Não conseguimos substituir o medo ou a adrenalina da perseguição
Esses rituais nos mostraram a porta para as nossas divagações
Aberta e fechada, então batida na nossa cara"
(Decades, 9ª faixa do álbum Closer)


Como dito acima, com o avanço da Era Industrial, as pessoas passaram a se concentrar mais nas zonas urbanas, abandonado as rurais. Isso resultou em mais construções de casas, condomínios, edifícios. O concreto bruto passou a ser massivo e, principalmente entre os jovens, isso trouxe uma sensação de sufocamento, de aprisionamento. Claro que a tecnologia trouxe grandes avanços, aparelhos eletrônicos diversos, meios de agilizar as tarefas diárias, máquinas para facilitar qualquer trabalho, e telas para se distrair e se informar mais rapidamente sobre praticamente qualquer assunto, bem como aparelhos e formas de encurtar distâncias entre pessoas. No entanto, trouxe também as consequências negativas. O peso da solidão e do isolamento. As pessoas passaram a se distanciar fisicamente e emocionalmente uma das outras, e a própria industrialização gerou uma sobrecarga sobre elas, fazendo com que seguissem uma rotina padronizada, sem tempo para coisas que pudessem trazer algum prazer. Nós estamos vivendo a 4ª Revolução Industrial, e agora é muito visível como a solidão tem sido forte sobre as pessoas. Agora, também, há uma maior visibilidade e disseminação de informações sobre os Transtornos Mentais. Mais precisamente isso vem sendo feito desde a década de 80, o que não significa que a Depressão é recente. Obvio que não! O ser humano sofre desses males desde que começou a olhar para si mesmo e não conseguir digerir seus medos e traumas. Mas, depois da década de 80, essas questões começaram a deixar de ser tabu, a chamada “loucura” passou a ser vista como algo sério e que necessitava de meios humanizados para trazer algum bem-estar aos pacientes. Antes disso, mal se falava sobre o assunto e os pacientes eram tratados de forma desumana. Usando Ian ainda como exemplo, hoje se sabe que ele sofria de Depressão Maior e Epilepsia, ambos os transtornos geravam um desgaste gigantesco, mental e físico. E, infelizmente, ele encerrou a vida através de suas próprias mãos, com apenas 23 anos, pois se tornou insuportável viver (ou sobreviver) de tal forma. Em suas músicas é notável toda sua dor, sua angústia e seu desalento diante da vida. Foi através da música que ele conseguiu dar vazão as suas mais tortuosas dores, pois de outras formas não foi possível. A melancolia urbana e as consequências da solidão em meio às cidades se tornaram recorrentes em seus poemas bem como em suas composições musicais. Aliada a músicas mais agitadas, até mesmo dançantes, mas com letras extremamente mórbidas, melancólicas, abordando a morte, a depressão, a ansiedade, a monotonia e apatia urbana e até o suicídio - influenciadas por literatura existencialista, niilista, gótica e de fantasia de autores como Sartre, Kafka, Peake e Camus  - o Pós-Punk se consolidou.

Embora Unknown Pleasures seja a estreia e mesmo um clássico do Pós-Punk, é com Closer que percebemos a evolução sonora e características que estabeleceram o Pós-Punk. Com uma instrumentação mais elaborada, com uso maior de sintetizadores e com letras mais profundas e soturnas, este álbum é essencial na lista dos percussores do gênero.

 


Originalmente, o novo gênero que surgia foi chamado de "new musick" (nova música). O termo Post-Punk foi usado ​​pela primeira vez por vários escritores no final da década de 1970 para descrever bandas indo além do modelo de garage rock do Punk e adentrando em sonoridades e temáticas diferentes. O escritor Jon Savage, da revista inglesa Sounds, já usava "Pós-Punk" no início de 1978. Incialmente as bandas que representavam o gênero foram Siousieand the Banshees, Wire, Public Image Ltd., The Pop Group, Cabaret Voltaire, Magazine, Pere Ubu, The Sound, Joy Division, Talking Heads, Devo, Gang of Four, The Slits, The Cure, and The Fall. O movimento estava intimamente relacionado ao desenvolvimento de gêneros como Rock Gótico, Neo-Psicodelia, New Wave, Darkwave e Música Industrial. Com letras repletas de melancolia e angústia, sonoridade dançantes e com seus expoentes criando uma subcultura, o Pós-Punk passou a ser disseminado por todo o planeta. A identificação com os temas e a ironia marcada pela sonoridade envolvente e dançante em contraste com as letras depressivas, foram os fatores que atraíram muitos jovens na época, e continua atraindo até hoje.



Prazeres Desconhecidos

O homem é jovem, magro e alto. Ele está no palco. Seus companheiros estão em seus postos. O grupo então inicia uma introdução à música, enquanto Ian Curtis, o cantor, inicia uma estranha maneira de dançar. Ele agita os braços de maneira frenética, desarmônica; aparentemente estão fora de controle. Seu corpo se contorce, sem, no entanto, curvar-se; a cintura gira, as pernas ensaiam um cambaleio. Seu olhar se fixa numa espécie de vazio. Sua cabeça pende, ora para a direita, ora para o lado oposto; a voz flui num baixo barítono incomum. As palavras tomam forma, o pensamento voa.

 


O seu ainda pequeno público recebe a mensagem, a canção é forte; dramática. A poesia disseminada pela canção desafia seus pensamentos, os faz viajar para um lugar incrivelmente distante: suas consciências pouco reveladas - é lá que estão suas dores esquecidas, as culpas presentes - Prazeres Desconhecidos.

 

Candidate

Forçado pela pressão, o território é marcado

Não há mais prazer, ah, desde de então perdi o coração

Memória corrompida, não mais que o poder

Dissimulando lentamente, aquela última hora fatal

Ah, não sei o que me aconteceu ou o que me deu o direito

De desordenar seus valores e mudar o errado para certo

 

Por favor, mantenha distância, a trilha conduz até aqui

Há sangue nos seus dedos, causado pelo medo

Fiz campanha por nada, trabalhei tanto por isso

Eu tentei chegar até você, você me trata assim

Apenas a segunda natureza, é o que nos foi mostrado

Estamos vivendo sob suas regras, é tudo o que sabemos

 

Eu tentei chegar até você

Eu tentei chegar até você

Eu tentei chegar até você

Ah, como tentei chegar até você

 

Day of the Lords

Este é o quarto, o início de tudo

Nenhum retrato elegante, apenas folhetos na parede

Eu vi noites repletas de desportos sangrentos e dor

E corpos recolhidos, corpos recolhidos

 

Onde isso vai parar?

Onde isso vai parar?

Onde isso vai parar?

Onde isso vai parar?

 

Estes são seus amigos de infância, durante a juventude

Aqueles que te estimularam, exigiram sua afirmação

A dor da abstinência é dura, pode te fazer ficar

Tão burro e fraco, burro e fraco

 

Onde isso vai parar?

Onde isso vai parar?

Onde isso vai parar?

Onde isso vai parar?

 

Este é o carro à beira da estrada

Nada incomoda, todas as janelas estão fechadas

Acho que você estava certo, quando nós discutimos

Não há lugar para fraqueza, sem lugar para fraqueza

 

Onde isso vai parar?

Onde isso vai parar?

Onde isso vai parar?

Onde isso vai parar?!

 

Este é o quarto, o início de tudo

Infância, juventude, me lembro de tudo

Eu vi noites repletas de desportos sangrentos e dor

E corpos recolhidos, corpos recolhidos, corpos recolhidos

 

Onde isso vai parar?

Onde isso vai parar?

Onde isso vai parar?

Onde isso vai parar?

 

Disorder

Eu estive esperando um guia

Vir e me levar pela mão

Essas sensações poderiam me fazer sentir

Os prazeres de um homem normal?

Perdi a sensação, poupo os insultos

Deixo-os para outro dia

Eu tenho o espírito, perco o sentimento

Nem me abalo

 

Está ficando mais rápido, se movendo mais rápido agora

Está ficando fora de controle

No décimo andar, descendo as escadas dos fundos

Na terra de ninguém

As luzes estão piscando, os carros estão batendo

Ficando frequente agora

Eu tenho o espírito, perco o sentimento

Deixei ir de alguma forma

 

O que significa para você, o que significa para mim

E nos encontraremos novamente

Estou observando você, estou observando ela

Eu não vou ter pena de seus amigos

Quem está certo, quem pode dizer

E quem dá a mínima agora?

Até o espírito de uma nova sensação dominar

Então você saberá

Até o espírito de uma nova sensação dominar

Então você saberá

Até o espírito de uma nova sensação dominar

Então você saberá

 

Eu tenho o espírito, mas perco o sentimento

Eu tenho o espírito, mas perco o sentimento

Sentimento, sentimento, sentimento, sentimento

Sentimento, sentimento, sentimento

 

I Remember Nothing

Nós fomos estranhos

Nós fomos estranhos

Por muito tempo

Por muito tempo

Nós fomos estranhos (Violentos)

Por muito tempo (Violentos)

Fomos estranhos

 

Enfraquecendo o tempo todo

Só para passar o tempo

Eu dentro do meu próprio mundo

Sim, você aí de fora

Os espaços são enormes

Nos olhamos um de cada lado

Nós fomos estranhos

Por muito tempo

 

Violento e mais violento, ele quebra a cadeira

Age de forma reativa, depois cai em desespero

Preso em uma cela e rendido cedo demais

Eu dentro do meu próprio mundo

O único que você conhecia

(Por muito tempo)

 

(Nós fomos estranhos)

Nós fomos estranhos

(Por muito tempo)

Nós fomos estranhos

Por muito tempo

Muito tempo

 

Insight

Acho que sonhos sempre terminam

Eles não progridem, apenas declinam

Mas não me importo mais

Eu perdi a vontade de querer mais

Eu não sinto medo de jeito nenhum

Eu os assisto enquanto desabam

Mas, me lembro

De quando éramos jovens

 

Aqueles com hábitos de desperdício

Senso de estilo e gosto

Para ter certeza que estava certo

Ei, você não sabe que estava certo?

Eu não sinto mais medo

Eu me mantenho atento

Mas, me lembro

 

Lágrimas e tristeza por você

Temo o mal por você

Reflete um momento no tempo

Um momento especial no tempo

É, desperdiçamos nosso tempo

Nós na verdade não tivemos tempo

Mas, nos lembramos

De quando éramos jovens

 

Todos os anjos de Deus, tomem cuidado

E todos os julgadores, tomem cuidado

Filhos do acaso se cuidem

Por todas as pessoas lá fora

Eu não sinto mais medo

Eu não sinto mais medo

Eu não sinto mais medo

Eu não sinto mais medo

 

Interzone

Eu atravessei a fronteira da cidade

(alguém me disse para fazer isso)

Atraído por alguma força interior

(tive que fechar os olhos parar me aproximar)

Virando em uma esquina onde um profeta estava

(Vi o lugar onde ela tinha um quarto para ficar)

Com uma cerca de arame, onde crianças brincavam

(vi a cama onde o corpo estava)

E eu estava procurando por um amigo

(e não tinha tempo a perder)

É, procurando por alguns dos meus amigos

 

Os carros cantaram pneus na poeira

(ouvi um barulho, apenas um carro lá fora)

Azul metálico virou vermelho com ferrugem

(estacionado ao lado do prédio)

Em um grupo toda a juventude ignorada

(tive que pensar, reunir meus sentidos agora)

Ligados na visão do fio da navalha

(Encontrei lugares que meus amigos não conheciam)

E eu estava procurando por um amigo

(e não tinha tempo a perder)

É, procurando por alguns dos meus amigos

 

Descendo ruas escuras, as casas pareciam iguais

(Escurecendo mais agora, os rostos parecem iguais)

E eu fiquei rodando e rodando (sem estômago, destroçado)

Preso em um trem (tive que repensar)

Tentando encontrar uma pista, tentando encontrar um jeito de cair fora!

(Tentando me afastar, tive que me afastar e ficar de fora)

 

Quatro, doze janelas, dez em um corredor

(atrás de uma parede, bem, eu olhei para baixo)

As luzes brilharam como um show de neon

(absorto profundamente senti um brilho quente)

Sem lugar para parar, sem lugar para ir

(sem tempo a perder, tinha que seguir em frente)

Eu achei que estivessem mortos há algum tempo

(eu achei que estivessem mortos há algum tempo)

E eu estava procurando por um amigo

(e não tinha tempo a perder)

É, procurando por alguns dos meus amigos

 

New Dawn Fades

Mudança de velocidade

Mudança de estilo

Mudança de cenário

Sem arrependimentos

A chance de assistir

Admirar à distância

Ainda ocupado

Embora você se esqueça

 

Diferentes cores, diferentes tons

Por cada erro cometido

Eu levava a culpa

Sem direção, é tão evidente de se ver

“Uma arma carregada não vai te libertar”

- É o que você diz

 

Vamos tomar uma bebida e ir embora

Uma voz furiosa e a outra que chora

Nós vamos te dar tudo e muito mais

A tensão é tanta, não aguento mais

 

Eu andei sobre a água, corri através do fogo

Parece que não consigo sentir mais nada

 

Era eu!

Esperando por mim

Esperando por algo mais

 

Eu!

Me veja nesse momento

Esperando por outra coisa

 

She's Lost Control

A confusão nos olhos dela diz tudo

Ela perdeu o controle

E ela se agarrou a pessoa mais próxima

Ela perdeu o controle

Ela revelou os segredos do seu passado

E disse: “Eu perdi o controle de novo”

E sobre uma voz que a dizia quando e onde agir

Ela disse: “Eu perdi o controle de novo”

 

Ela se virou e segurou a minha mão

E disse: “Eu perdi o controle de novo”

Como nunca vou saber o motivo ou entender

Ela disse: “Eu perdi o controle de novo”

E ela gritou, se debatendo

E disse: “Eu perdi o controle de novo”

Caída no chão, pensei que ela fosse morrer

Ela disse: “Eu perdi o controle”

 

Ela perdeu o controle de novo

Ela perdeu o controle

Ela perdeu o controle de novo

Ela perdeu o controle

 

Bem, liguei para uma amiga contando sobre o caso

E disse: “Ela perdeu controle de novo”

Ela expôs todos os erros e enganos

E disse: “Eu perdi o controle de novo”

Mas ela se expressou de muitas formas diferentes

Até ela perder o controle de novo

E andou à beira do inescapável e riu

Eu perdi o controle

 

Ela perdeu o controle de novo

Ela perdeu o controle

Ela perdeu o controle de novo

Ela perdeu o controle

 

Wilderness

Eu viajei por tempos remotos e épocas tão distintas

O que você viu lá?

Eu vi os santos com seus brinquedos

O que você viu lá?

Vi todo o conhecimento destruído

Eu viajei por tempos remotos e épocas tão distintas

 

Eu viajei por tempos remotos e pelas prisões religiosas

O que você viu lá?

O poder e a glória do pecado

O que você viu lá?

O sangue de Cristo sobre as peles deles

Eu viajei por tempos remotos e épocas tão distintas

 

Eu viajei por tempos remotos onde mártires desconhecidos morreram

O que você viu lá?

Eu vi julgamentos parciais

O que você viu lá?

Eu vi as lágrimas enquanto choravam

Tinham lágrimas nos olhos

Lágrimas nos olhos

Lágrimas nos olhos

Lágrimas nos olhos

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Entrevista com Natalie Curtis

 


Entrevista com Natalie Curtis, filha de Ian Curtis. Atualmente, ela tem 43 anos e exerce a profissão de fotógrafa. A entrevista foi feita em 2007, pouco antes do filme Control - que conta a história de Ian, de sua banda e sua morte - ser lançado.

 

Eu tinha cerca de três anos quando minha mãe disse que meu pai, Ian Curtis (que morreu quando eu tinha apenas um) era cantor. Mas para mim [a profissão dele] parecia normal, como ter um tio que era comerciante ou qualquer outra coisa. Lembro-me de ouvir Love Will Tear Us Apart no rádio e percebi que ele era conhecido de alguma forma, mas nunca pensei nele como famoso. Quando eu estava crescendo, nem eu e nem minha mãe estávamos nos olhos do público, e a Joy Division era mais cult que mainstream. A primeira vez que ouvi o álbum deles, Closer, achei que estava fora desse mundo. Presumi que toda música foi feita com esse nível de estilo e inteligência para além do comum. Quando fiquei mais velha, foi um choque descobrir que nem tudo era tão incrível.

Inicialmente, eu estava sem vontade de visitar o set de Control - o filme sobre a vida do meu pai dirigido pelo fotógrafo Anton Corbijn. Embora tenha tomado como ponto de partida as memórias de minha mãe, Touching from a Distance, o livro é lido em particular, enquanto um filme é algo muito mais amplo, uma experiência compartilhada com um público. Quando as filmagens começaram em Macclesfield, eu recusei a oportunidade de ir. Macclesfield era um lugar que eu sempre associava a colinas verdejantes e exuberantes e não queria associá-lo a um filme sobre o suicídio de meu pai. Aos poucos, minha curiosidade pesou melhor sobre mim; afinal, eu estudava fotografia e me interessava por cinema. Além disso, senti que ver o processo tornaria mais fácil assistir ao final.

Em julho de 2006, fui a Nottingham, onde a maior parte do filme estava sendo filmada. Eu estava no limite. Foi muito estranho. Um bangalô tinha uma reforma dos anos 70 para recriar a festa de noivado dos meus pais. Claro, não faço ideia de como foi realista, porque não tinha nascido. Eu conheci Sam Riley, que interpreta o meu pai, fora do bangalô. Sam parecia muito doce com seu corte de cabelo Ian dos anos 70; como era o Ian de pré-banda que ele estava interpretando, ele não era o Ian Curtis que todos imaginamos. Ele se sentiu um pouco estranho no começo, eu acho. Mas eu fumei um cigarro sorrateiro com ele, então quando eu vi aquela cena onde Ian diz: "Você não pode estar na minha gangue se você não fuma!", eu não pude deixar de rir.

Parecia mais estranho quando eles começaram a filmar as cenas da banda em um pub de Nottingham que deveria ser Rafters em Manchester, onde Joy Division tocava. Eu cresci com fotos em preto e branco da banda - provavelmente o que me atraiu para me tornar uma fotógrafa – mas, de repente, eles estavam lá na minha frente em cores, em 3D e estranhamente precisos. Harry Treadaway - que interpreta o baterista Steve Morris - já tocou guitarra anteriormente, mas nenhum dos outros tocou instrumentos antes. Obviamente, eles trabalharam duro para conseguir fazer tudo certo. A "alegre Joy Division" tinha até brincadeiras e piadas internas, como um grupo de verdade, e se chamavam pelos nomes de seus personagens: Barney, Steve, Ian e Hooky.

Nós conversamos muito sobre seus papéis; eles estavam particularmente interessados em algumas pesquisas que fiz para o escritor Matt Greenhalgh. Meu pai foi diagnosticado com Epilepsia em janeiro de 1979, e olhando para isso, Matt me deu uma compreensão real do que ele estava passando na época. Havia mais estigma associado a ser epiléptico e as pessoas eram muito menos informadas. Meu pai também sofria de alterações de humor e Depressão. Você lê sobre os serviços de saúde mental sendo cortados agora, mas Deus sabe como deve ter sido no final dos anos 70. Havia muitos efeitos colaterais em sua medicação. É provável que a Epilepsia e a medicação tenham exacerbado a Depressão.

As pessoas perguntam constantemente: "Por que ele se matou?" Para mim, parece óbvio - porque ele estava realmente deprimido. Bernard me disse que meu pai costumava beber antes de se apresentar, o que pode explicar seus ataques no palco, porque o álcool é um gatilho para a convulsão. Convulsões também podem ser desencadeadas por luzes piscando, falta de sono e estresse. O estilo de vida de Ian e a tensão causada pela desintegração de seu casamento não teriam ajudado. Ele fez o melhor que pôde; ele estava muito doente. Eu nunca me senti realmente zangada com meu pai por ele ter cometido suicídio.

Nós tivemos muitas risadas no set, da mesma forma que a minha mãe me contou como sempre houve travessuras ao redor da banda. Um dos meus momentos favoritos era ser um extra na cena de protesto do Bury em 1980. Parecia estranho gritar "Foda-se!", fingindo ser o Alan Hempsall, o cantor da Crispy Ambulance - que substituiu meu pai quando ele estava doente demais para subir ao palco - pois eu entrevistei o verdadeiro na minha pesquisa. A cena do Strawberry Studios foi especial para mim, porque eu ajudei Harry a descobrir como eles fizeram o famoso som de bateria em She's Lost Control. Ele explicou que o som "crrch crrch" era uma combinação de uma bateria synth e o som do limpador de cabeça de fita sendo pulverizado. Foi uma tarde estranha. Todo mundo ficou feliz quando tudo acabou, mas eu chorei. A Joy Division é algo que nunca irá embora para mim.



Na festa de encerramento, foi interessante assistir os atores, que se sentiram como uma banda de verdade, de repente, sacudindo seus personagens. Nós fomos mostrados às pressas e a realidade atrás disto de repente me bateu. Havia uma cena de bebê que achei especialmente perturbadora; todos aplaudiram e disseram: "É você". Eu bebi mais do que normalmente faria naquela noite.

Foi difícil assistir ao filme finalizado, mas é apenas um filme, afinal. Toby Kebbell - que interpreta o gerente da Joy Division, Rob Gretton - é um dos meus favoritos, mas ele não é como Rob era. Rob estava sempre por perto, no último ano de sua vida eu trabalhei em um escritório próximo ao dele e o conheci muito melhor; ele era tão gentil e sábio. Eu nunca ouvi Rob xingar como ele faz no filme, e há um trecho onde ele é mau para Alan Hempsall. Rob nunca teria sido assim. Eu não acho que o filme capta como o amável Tony Wilson - o chefe da Factory Records que usou suas economias para financiar a estreia da Joy Division - também era. No entanto, minha mãe e eu concordamos com o que Tony disse uma vez: se é uma escolha entre a verdade e a lenda, leve a lenda todas as vezes.

Sinto terrivelmente a falta de Tony, e lembro-me dele chegando no set com seu cachorro William pulando em uma cena e alguém gritando: "Corta !!!" Quatro dias depois de ter visto o filme finalizado, Tony morreu de câncer. Então, um ano depois de sair no set com um ator fingindo ser Steve e uma réplica do Hooky, eu me encontrei com os verdadeiros, não em uma pré-estreia do filme, mas em um funeral.

Eu tenho sentimentos contraditórios sobre o filme - eu me sinto tão animada com a banda e a música, mas repugnada pela ideia de pessoas assistindo a um filme sobre minha família. É provavelmente a mesma coisa para todos os que ficaram para trás. A banda deve ter ficado muito animada quando o filme foi elogiado em Cannes, mas não pode ser confortável ver as pessoas felizes com coisas tristes em sua vida. Eu me senti triste lendo recentemente que eles disseram que se sentem culpados.

Tony nunca chegou a ver o filme, mas para mim [o filme] é para ele. Parece que a Joy Division está finalmente passando de um enorme culto para um nome familiar - assim como Tony sempre acreditou que deveriam ser.



Curiosidades

  • Como tantas outras bandas de Pós-Punk percussoras dos anos 80, o Joy Division se formou na cidade de Manchester, mas Ian Curtis cresceu ...